SAÚDE DO AGENTE PENITENCIÁRIO

SAÚDE DO AGENTE PENITENCIÁRIO - Trabalho e cárcere: um estudo com agentes penitenciários
Os Agentes Penitenciários são os trabalhadores encarregados de revistar presos, celas, visitantes, conduzir presos, realizar a vigilância interna da Unidade e disciplinar a refeição dos presos. Por terem contato direto com os internos e sendo vistos por estes como um dos responsáveis pela manutenção do seu confinamento, estes trabalhadores estão freqüentemente expostos a diversas situações geradoras de estresse, tais como intimidações, agressões e ameaças, possibilidade de rebeliões nas quais, entre outros, correm o risco de serem mortos ou se tornarem reféns.
Policiais e Agentes Penitenciários foram referidos por Tartaglini & Safran (1997), como profissionais submetidos a um alto risco para a doença relatada como estresse debilitante. Estes autores encontraram prevalências de ansiedade, distúrbios de comportamento e abuso de álcool mais altos entre os Agentes Penitenciários do que na população em geral. Relataram entre esses trabalhadores, uma prevalência de distúrbios emocionais de 18,6%, abuso de álcool de 4,5% e distúrbios da ansiedade de 7,9%.
Em estudo realizado na França, com todas as categorias de trabalhadores de prisão, Goldberg et al. (1996) observaram prevalências de 24% de sintomatologia depressiva, 24,6% de distúrbios da ansiedade e 41,8% de distúrbios do sono.
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Foi realizado um estudo epidemiológico transversal. A população-alvo abrangeu todos os Agentes Penitenciários da RMS.
Na fase de planejamento do estudo, foi realizada uma visita técnica às instalações de uma das Unidades Carcerárias que seriam estudadas, para se conhecer com maiores detalhes o processo de trabalho e a dinâmica própria da categoria de trabalhadores a ser estudada. Essas informações foram utilizadas na definição e aperfeiçoamento do questionário utilizado no estudo e nos procedimentos de coleta de dados.
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A prevalência de DPM foi 30,7%, de estresse passageiro 7,4%, estresse intermediário 7,4% e estresse persistente 15,1%. Queixas de doenças foram feitas por 91,6% dos Agentes Penitenciários (53,1% apresentaram até 5 queixas e 38,5%, mais de 5). Houve suspeita de alcoolismo em 15,6% (Tabela 1).
©  2011  Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz
Trabalho e cárcere: um estudo com agentes penitenciários da Região Metropolitana de Salvador, Brasil
Cad. Saúde Pública vol.18 no.3 Rio de Janeiro May/June 2002